A arte de cumprir planos de ação
A importância das reuniões por vezes é posta em xeque devido à falta de resolutividade durante e principalmente após a sua realização.
Tornar produtivos os encontros para alinhamento entre os times é uma arte que deve ser aprimorada por todos, diariamente.
Para atingir esse objetivo, a resposta pode ser muito mais simples do que se imagina – ainda que o caminho até o seu alcance exija disciplina e foco.
Neste texto, vamos fomentar algumas discussões relevantes para refletir sobre a postura mediante as ações a serem realizadas.
A problemática das reuniões
Quando observamos conteúdos para melhoria na eficiência de reuniões, é comum encontrarmos a descrição de técnicas a serem aplicadas ao longo das discussões para torná-las mais produtivas.
Acontece que, não raramente, a sensação de que uma reunião não gerou resultados é obtida no momento do pós-encontro: o momento em que todos saem da sala, presencial ou virtual, e voltam para a sua rotina.
As tarefas do dia a dia, naturalmente, consomem todo o tempo útil dos colaboradores, afinal além das demandas padrões, demandas urgentes surgem e outros assuntos vêm à tona. Assim, as ações propostas na reunião ficam postas de lado.
Por fim, o que pode parecer menos urgente do que uma atividade com um prazo e escopo bem definidos? O pensamento mais comum geralmente segue a seguinte linha: “Sei bem o que deve ser feito, me parece simples de ser realizado, então não devo destinar muito tempo para a sua resolução. Posso fazer amanhã!”.
Contudo, no dia seguinte a atividade é novamente postergada, até que, após sucessivos adiamentos, a ação proposta se perde e o que foi alinhado na reunião não é realizado.
Somado a isso, tem-se a dificuldade de mantermos a constância no acompanhamento desses resultados e, até que algo saia do controle e cause prejuízos, os times não conversam entre si para verificar o andamento das ações preventivas, tratadas anteriormente.
Enfim, faz-se necessário o agendamento de uma nova reunião para tratar de assuntos que já deveriam ter sido alinhados.
É melhor ter ideias do que agir
Steve Garguilo em seu TEDxCarthage “The Science of Taking Action” trata sobre as pessoas parecerem muito mais interessadas em ter e receber ideias do que efetivamente tomar ações que venham a concretizá-las.
Durante as reuniões, podemos perceber que várias ideias surgem, as dores são relatadas e as discussões fluem facilmente.
No entanto, para garantir que as discussões evoluam para ações resolutivas, é importante que toda a reunião tenha um dos membros presentes como mediador para transcrever um resumo com os principais pontos e prazos para realização de tarefas.
O mediador deve garantir que o objetivo da reunião será alcançado e as ações serão devidamente descritas e compartilhadas com os participantes.
Com os pontos levantados, podemos (e devemos) adotar práticas que nos permitam verificar de modo eficaz a realização de cada ponto alinhado na reunião.
Até que o acompanhamento do plano de ação vire um hábito, soluções como a integração dos prazos ao calendário, e-mail ou aplicativo de mensagens corporativas podem facilitar a incorporação pela organização – e evitar as temidas cobranças diretas.
Para isso, vale a pena verificar as ferramentas disponíveis em plataformas como o Google ou Microsoft.
Outras ferramentas que gerenciam as demandas com premissas do método Kanban também são amplamente utilizadas, como o painel de tarefas da Qulture, Trello e Azure DevOps.
Conheça também o que são os OKRs e as Sprint.
Estas últimas ferramentas trazem um diferencial ao plano de ação. Para isso, sempre utilize-as para incluir as demandas tratadas nas reuniões, durante ou logo após o seu encerramento, para que as ações não se percam de vista, descrevendo principalmente o escopo e o prazo acordado durante a reunião.
Planos realistas ou adaptação
Outra discussão interessante que podemos ter a respeito do cumprimento das ações propostas é o gap existente entre o planejamento e a sua efetiva realização.
Kirsten Rohde, professora da Erasmus University Rotterdam, em seu TEDxErasmusUniversity chamado “A diferença entre planejar e realizar” relembra que o planejamento ocorre no presente e a sua realização se ocorrerá no futuro.
Assim, podemos entender que entre a ideia e a sua concretização, as circunstâncias e prioridades mudam, ou seja, o contexto presente jamais será o mesmo do qual a ação será realizada.
Para amenizar os efeitos de ações não realizadas conforme o planejamento, podemos, então:
- Prever que certas mudanças ocorrerão e deixar a cargo do futuro dizer as ações que serão tomadas;
- Se comprometer com o planejado, criando meios para garantir que o plano de ação seguirá conforme idealizado.
Mas essa discussão nos permite verificar que há uma forma de balancear as duas possibilidades.
Com a iminência de que os alinhamentos realizados durante as reuniões são traçados no presente e podem sofrer mudanças a qualquer momento do futuro, essa análise deve ser feita durante os momentos em equipe.
É importante traçar planos de ação realistas e possíveis de serem alcançados e, para isso, devemos entender nossos recursos disponíveis e termos margem para imprevistos.
Respeitando o tempo que é destinado para reuniões, que são valiosas, e com a expectativa de que tragam o retorno desejado com o investimento realizado por todos os presentes, os times devem se comprometer com a realização daquilo que o grupo reunido decidiu como relevante para a organização.
Dessa forma, mais vale uma boa negociação de prazos no início do planejamento do que se frustrar com a não entrega em uma data desejada, mas irreal.
Para negociar os objetivos é interessante que os times envolvidos saibam determinar as prioridades das demandas discutidas, para assim definir prazos que condizem com a realidade.
Após os prazos e as prioridades definidas dessas atividades, a atenção das pessoas envolvidas deve ser direcionada à entrega das demandas.
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Luiz Guilherme Araújo
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